Edifício de Apartamentos em Silves
O arquiteto português Ricardo Camacho, diretor do Casa Granturismo desde 2005 — que se encarrega do empreendimento urbano de um gleba com área de 39.120 m2, implantando 39.120 m2 de habitação e 7.380 m2 de comércio e serviços à fronteira oeste da cidade de Silves, no Algarve, ao Sul de Portugal — convidou um total de 22 equipes de arquitetos de 11 diferentes países para desenharem 19 moradias unifamiliares e 4 blocos de edifícios de apartamentos associados com comércio e serviços no térreo previstos nesta gleba.
O SPBR, embora convidado apenas em 2008, teve seu projeto escolhido para ser o edifício inaugural do empreendimento.
A proposta elaborada segue as diretrizes traçadas pelo masterplan da Casa Granturismo.
O edifício horizontal, com 80 m de comprimento e cerca de 12 m de largura, tem programa variado:
- apartamentos que ocupam seus dois andares superiores;
- comercio e serviços no andar térreo;
- garagens comuns e depósitos no subsolo
A implantação do edifício marca o limite oeste da cidade de Silves. Assim, suas duas fachadas longitudinais se abrem para duas paisagens contrastantes: a cidade de Silves, tendo o castelo como pano de fundo, ao leste e o campo, a oeste.
A estrutura, em concreto armado, é feita pela sucessão de 11 empenas paralelas transversais distanciadas de 8 m entre si. Elas se alternam entre paredes fachadas [2] divisas de apartamentos [4] e vazios para circulação vertical [5]. Cada uma destas paredes estruturais toca o chão em apenas dois pontos, com exceção das duas extremas que descem como com lâmina em toda sua seção central. Nos dois casos, elas têm balanços que, embora modestos para a altura desta viga parede, surpreendem na escala do edifício.
Um aspecto que merece destaque na solução arquitetônica é o esquema de acessos que concilia topografia, níveis projetados e distintos programas. Assim, o acesso aos apartamentos se faz por uma passarela elevada acessível, desde o perfil natural do terreno, por rampa e escadas. Tal passarela tira proveito da topografia e da solução estrutural, sem vigas somando altura às lajes, no sentido de fazer os percursos verticais o mais curto possível.
Assim, o primeiro piso de apartamentos resulta como um térreo elevado, calçada de acesso às unidades habitacionais. Apenas cinco pontes são necessárias entre a passarela e o edifício para prover acesso aos 20 apartamentos, pois cada ponte acessa dois apartamentos no mesmo nível da passarela e, através de uma escada restrita, mais dois apartamentos no andar superior.
O térreo, dedicado principalmente a comércio e serviços, incrementa a condição urbana de apoio à vida cotidiana nesta borda da cidade. Equilibra assim o campo e o urbano como se oferecesse apenas as vantagens das duas condições.