Praça das Artes
O que nos leva a uma escolha e decisão conceitual é, precisamente, a natureza do lugar. É sua compreensão enquanto espaço resultante de fatores sócio-políticos ao longo de décadas – ou séculos – de formação da cidade. Compreender o lugar não somente como objeto físico, mas como espaço de tensão, de conflitos de interesses, de subutilização ou mesmo abandono, tudo importa. Se, por um lado, o projeto deve responder à demanda de um programa de diversos novos usos ligados às artes musicais e do corpo, deve também responder de maneira clara e transformadora a uma situação física e espacial preexistente, com vida intensa e com uma vizinhança fortemente presente. Mais ainda, deve regenerar espaços degradados, criar novos espaços de convivência a partir da geografia urbana, da história local e dos valores contemporâneos da vida pública.
Podemos dizer que neste caso, projetar é captar e inventar o lugar a um só tempo, numa mesma ação. A partir do centro da quadra o novo edifício se desenvolve em três direções – Vale do Anhangabaú, Avenida São João e Rua Conselheiro Crispiniano, como um polvo a estender seus tentáculos e ocupar espaços. Um conjunto de edifícios em concreto aparente pigmentado, com área total de 28.500,00 m², suspenso sobre as passagens urbanas, é o elemento principal que estabelece um novo diálogo com os edifícios remanescentes da quadra e do entorno.
O antigo Conservatório Dramático Musical de São Paulo, incrustado no coração de uma região degradada do centro da cidade, é um importante marco histórico e arquitetônico e abriga uma rara sala de recitais, que há décadas estava inutilizada. O Projeto Praça das Artes restaurou e reabilitou este edifício, e vinculou-o a um complexo de novas construções e espaços de circulação e estar que abrigam as instalações para o funcionamento das Escolas de Música e Dança, e dos Corpos Artísticos do Teatro Municipal – orquestra sinfônica, corais e balé da cidade, além de centro de documentação, restaurantes, estacionamentos e áreas de convivência.