Refúgio São Chico
Projetado para um jovem publicitário esta casa para os finais de semana, localiza-se em São Francisco de Paula, região serrana do Rio Grande do Sul a 100km de Porto Alegre. Com inverno rigoroso acompanhado muitas vezes por neve, a região se destaca ainda pela preservação em suas bordas do que restou da mata atlântica e da floresta de araucárias.
Nesse cenário, num terreno de 1600 m2, a casa surge como um refúgio de metal e madeira inserido na natureza.
Desenvolvida em estrutura leve e suspensa do solo, a casa é formada por dois volumes retangulares de diferentes texturas que se interceptam, gerando um espaço de distribuição definidor de duas alas ao mesmo tempo em que propõem a transição do meio natural verso artificial, apostando no diálogo por contraste. Implantada no centro do lote, rodeada pela mata, a casa vence um suave declive, apoiando-se sobre uma laje em concreto armado afastado do solo de modo a não interferir no perfil natural e livrá-la da umidade ascendente.
O volume maior revestido com chapa ondulada, abriga o setor íntimo com as duas suítes dispostas em lados opostos o qual pequenos vãos iluminam os ambientes. O segundo volume, em madeira e mais transparente, atravessa o pavilhão metálico configurando o setor social e de serviço. Do transpassar desses volumes, um deck em madeira se projeta sobre a mata, atravessando o corpo principal da casa exercendo a função de acesso, hall de distribuição e varanda. Nesse espaço de articulação, a cobertura é translúcida e uma porta corrediça permite que a paisagem permeie o projeto.
Buscando fidelidade ao desenho e considerando a previsão de custos, a casa foi pensada a partir de uma lógica estrutural simples, com módulos de 1.20 x 1.20m, fixados em perfis metálicos, steel frame. Painéis de madeira (OSB) forrados por membrana permeável que impede a umidade e permite transpiração da madeira, complementam a estrutura externa. No interior, placas de gesso acartonado cobrem as paredes e forro, seguidas pela lã de rocha ocupando o vazio entre as superfícies proporcionando isolamento térmico. Uma caixa em blocos de concreto, semi-enterrada, recuada em relação a laje, conforma as fundações da casa abrigando no maior desnível um depósito. Tanto esse volume como a laje foram seccionadas na projeção do deck, permitindo o escoamento natural das águas da chuva.
O projeto procurou responder as necessidades do programa desejando delimitar o espaço construído, sem mimetizar ou camuflar-se, mas apropriando-se da paisagem sem competir com a mesma.