Concurso público de concepção para elaboração do projecto da Biblioteca e Arquivo Municipais de Grândola
Competition
Quem percorrer a rua Dr. José Pereira Barradas, no sentido Nascente – Poente, ou no sentido Inverso, junto à rotunda, encontrará um edifício, cuja mais valia não é a sofisticação da forma nem do sistema construtivo: um edifício monolítico, revestido a tijolo de adobe caiado de branco, aberto no cunhal; a ausência de alguns tijolos na fachada, garantem a iluminação natural no interior, como também procuram desenhar os alçados.
A solução proposta não aposta na imagem “Venturiana” do I’M A MONUMENT”, propondo um objecto isolado, mas pretende, ao contrário, estabelecer diálogo com a envolvente próxima, o jardim e os edifícios próximos.
Volumetricamente, o edifício, de 2 pisos, adequa-se à circunstância envolvente, quer sejam edifícios de qualidade, quer sejam outros anónimos, de qualidade duvidosa. A cidade é um todo compacto, onde o moralismo não é a melhor postura para o desenho urbano. Como dizia Fernando Pessoa “Basta existirem para terem uma certa razão de ser”.
A nova construção, adopta uma tipologia de planta quadrada, à semelhança dos antigos conventos e claustros; Convento de São Domingos, Montemor-o-Novo, Convento das Maltezas, Estremoz, são referências que fomos descobrindo a não quisemos rejeitar.
Impossível de imitar e copiar, pois seria uma enorme hipocrisia, foi nossa preocupação desenhar uma malha quadriculada de paredes, determinada pelo exigente desenho do estacionamento enterrado (44 lugares).
De desenho bastante rígido e ortogonal, as diversas salas são ocupadas com o respectivo programa, sempre que necessário, as salas agrupam-se, criando espaços de maior dimensão, como são os casos do átrio, sala de exposição e sala polivalente.
No piso 1, estão localizadas as salas de leitura e o Depósito da Biblioteca. A regra mantém-se, no entanto, aproveitando o facto de ser o último piso, fomos “obrigados” a trabalhar os tectos dos diversos espaços, aproveitando, não só para iluminação natural, como também para a criação de distintos ambientes.
Os tectos, abobadados, de quatro águas, em forma de cúpula, trabalhados de diferentes formas, clarificam e identificam os espaços: os tectos em cúpula na grande sala de leitura dos adultos, os tectos em abóbada para as restantes salas de leitura, e tectos de quatro águas, para a área das crianças.
Uma linha aos 2.2 metros de altura, estabelece uma regra, determina a altura das portas, a alturas das estantes, colocação do “lettring” e sempre que necessário, a altura do tecto falso.
O edifício desenvolve-se em 3 pisos, cave (estacionamento), piso 0, (Átrio, bar administração, sala de exposição e polivalente e áreas destinadas a cargas e descargas), no piso 1, localizamos a biblioteca propriamente dita, as salas de leitura e depósito do arquivo.
A cobertura, pelo facto de ser visível de alguns edifícios envolventes, funciona como um quinto alçado. O seu desenho, é o resultado da regra existente nos pisos inferiores, uma malha de platibandas e muros, pontuadas pelos lanternins, pátios e pequenas cúpulas.
Os materiais e o sistema construtivo proposto pela arquitectura e pelos engenheiros, são correntes e não apresentam nenhuma sofisticação, pois foi nossa preocupação, após uma estimativa rigorosa, que o orçamento proposto não fosse ultrapassado, e isso foi conseguido com realismo.
O sistema construtivo é pilar e viga, com vãos entre os 5 e os 6 metros. Os materiais propostos para a fachada são: tijolo de adobe caiado de branco, e vidro, à semelhança do que acontece com imensos edifício desta zona do país; edifícios “brancos como a cal…”.
No interior, propomos tijoleira de adobe para o pavimento, as paredes e tectos, em gesso cartonado pintados.
A cidade constrói-se em continuidade, com uma regra, e as excepções deverão ser para os MONUMENTOS, e este não é o caso.