Corpo de Anfiteatros Universidade dos Açores
A paisagem do Campus é recortada pelas parcelas estreitas e alongadas da alameda do Relvão e do Jardim romântico, que ascendem no ponto mais alto aos edifícios dos serviços meteorológicos e da Reitoria, que se recortam no horizonte.
O Relvão é uma estrutura impressionante de alinhamentos desfasados de árvores de grande porte, contido por muros laterais, contrariamente ao Jardim romântico, de percursos de água e caminhos sinuosos, composto por caprichosos grupos de árvores exóticas e limitado por duas sebes de árvores e arbustos laterais à clareira central.
É numa estreita faixa entre estes dois universos, geométrico e orgânico (mas no entanto monumentais), que se inscreveram um após outro, os novos volumes escolares. Os Anfiteatros, próximos ao edifício da Reitoria, e num ponto já elevado e visível de todo o Jardim, aparecem por entre o arvoredo lateral, como figuras cristalizadas que emergem de um manto basáltico. Esta laje de matéria basáltica, é simultâneamente "natureza", nesta paisagem vulcânica, e artifício, porque contem a cavidade da construção das salas, sob o chão visível a partir do Jardim.
A partir da praça existente a norte, o plano de basalto, contínuo, estende-se até ao edifício mais próximo, libertando a superfície como um percurso possível por entre os dois Jardins existentes. Suspensos sobre a laje da praça-prolongada, os volumes brancos dos pequenos anfiteatros contrastam com a densidade escura da folhagem envolvente, e com o volume vítreo e transparente dos átrios que contêm como que uma segunda praça, recolhida do espaço do Jardim.
O plano de praça superior, é marcado por três objectos singulares: os lanternins oblíquos, e um novo exemplar de Metrosideros, emergentes do pavimento. O plano da praça inferior, espaço aberto e envolvido por vegetação, permite a partir de uma pequena abertura na sebe lateral do Jardim, paragem para descargas técnicas e estacionamentos eventuais. Apesar de fora dos limites dados, esta laje-base precisa inevitavelmente de se estender até aos limites dos edifícios contíguos, de forma a dar a impressão de que algo de familiar se interpôs entre os Jardins existentes.
Imagina-se que a luz poente, recortada pela folhagem densa do grande Metrosideros , entre lentamente pelos envidraçados dos anfiteatros suspensos, e inunde totalmente o átrio de vidro, atravessando-o por completo até ao espaço sombrio do Relvão.
O trabalho foi afinal o de proteger cuidadosamente árvores, conter a destruição quase inevitável do que é próximo, e restaurar uma calma aparente que nos inquieta desde o início.
Consultants
Sinalética; Gilberto Reis
Estruturas: AFA Engenheiros Consultores;; António Adão da Fonseca, Pedro Morujão
Hidráulicas: AFA Engenheiros Consultores; Paulo Silva
Elétricas: João Caxaria
Térmica e Acústica: Pedro Martins da Silva
Mecânicas: José Galvão Teles
Espaços Cénicos: Luís Varela, Jean Michel Debuais, Jean Michel Fayette