Café Lounge
- ... comida não dá, quero é vender copos!
Foi o mote do cliente cansado da vida da restauração.
À 7ª vida, o minúsculo restaurante reencarnou num lounge bar. Da antiga sala de jantar, aproveita-se o gerente, o alvará comercial e uns infimos 50 m2.
A complexidade programática esvaziou-se do ponto de vista técnico, espacial e legal: Copa, balcão, sala e sanitários.
Dúvida única, aliás remanescente: o "target". Quem era o nosso publico?
Deram-lhe o nome Porto Cenário... pretensioso, parecia arriscado! Previam-se estranhas tardes de domingo...
O edifício a soçobrar no cais era testemunho de um lugar antigo. As entranhas do restaurante não eram apenas velhas como o corpo que as sustentava, foram submetidas a maus tratos, padecem de doença prolongada.
À vista, proteses mal aplicadas, abusos do kitch e falsidade por todo lado: - Não é bonito! Não é assim que se trata um idoso!
Não há muito dinheiro para as ambições do velho, tratemos-lhe da saúde apenas
Restauro estava fora de hipótese dinheiro não havia!... Porém a arqueologia é uma evidência e a história é privilégio de poucos. A intenção do projecto é criar a ilusão que estamos perante 1 cadáver, que nos permite revelar o passado.
Para tal, fazemos incisões, dilaceramo-lo, descolamos-lhe a pele da carne e expomos até o esqueleto. Devolvemos-lhe alguma da dignidade perdida através de gesso cartonado, tinta, napa e madeira no chão.
Apresenta-se como um caso de estudo, mais discreto para o exterior através de transparências texteis.
A luz dedicamos às presenças e aos movimentos, não ao espaço. É pontualmente iluminado na penumbra do cais.
O resto são alinhamentos e muitas dificuldades em obra... Ficou à espera da licença da esplanada!
Autuori
Francisco Guedes de Carvalho, Arq.º
Jorge Pinto Vieira, Arq.º
José Carlos Nunes de Oliveira, Arq.º
Paulo Costa, Arq.º
Design gráfico Ricardo Sapage
Arredamenti e iluminazione B.Loft, Preto Alface, L de Luz