Museu da Geira Romana
Geira Museum, Joel Moniz
First impressions.
The first visit we made to the intervention site was on a cold and cloudy morning. The atmosphere was serene, balanced. The tall trees, the stone walls, the field that gradually descended to the river. We wanted to maintain the silence that the location transmitted to us. Further ahead an American hermit occupied a large part of the area of intervention with a campsite. Although it began right at the beginning of the process by making surveying the land difficult, the fact that this area was somehow inaccessible created a barrier that we all naturally felt was a boundary for the intervention.
In a way we also found in the theme of the tender, related with the Roman Road, the expression of what we intended for that place.
A gesture. A mark on the land which would help to organise new developments.
A road to travel through the landscape towards the river. The museum should be subtly included within that concept, without disturbing the place’s sense of balance, being a door onto the road.
The implantation of the museum arose in such a simple way, such a basic principle as the markings of the Cardus and Decumanus axis, structuring the land, incorporating and organizing existing elements.
Platform and contention – stone, the solution of continuity
The building backs onto a wall, lending continuity to the existing platform that supports the “Ethnographic Museum of Vilarinho das Furnas / PNPG” and some granaries. This deployment helps to resolve some situations that are important
to the place. On one hand it defines the entry limits and reorganises the access routes to both museums, making them clearer. But it also maintains a visual permeability that develops to the North, to the valley, allowing the place to have a wide visual range.
It turns to the river, taking advantage of the light from the North, more suitable for preserving archaeological items and providing a quality light, without major contrasts.
This deployment also creates a support to a new development zone, which is structured by a road that runs through the building, running towards the river (as a Roman road). This road is extremely important because it unites the whole complex in a simple and effective way, with a strong scenic and symbolic expression.
This structural axis helps to organise the whole complex, simultaneously creating accesses to the existing museum, to the entrance area with a small car parking area, to the proposed museum, crossing it, and the future areas to be developed to the North.
Stone was the chosen base material right from the beginning as a solution of continuity with the existing elements, being used on the exterior in the walls, pavement and covering, mimicking the existing elements which define the platform.
The road.
The building is divided into two areas which can work independently. The program for the area to the West of the road has a cyber-café, a didactic playroom, auditorium and service area. The exhibition areas of the museum are situated to the area on the East of the path, with the various exhibition rooms and the reception area. These rooms are separated by patios which, as well as organizing the space, allow for the entrance of welcome light in the more interior areas of the museum. The entrance atrium is at the intersection of the road with the building.
The complex has a system of closure which allows for the two wings of the museum to be closed while still keeping the road open to traffic, allowing the rest of the amenities to function when it is not open.
This possibility accentuates the complementary character of the museum and reinforces the idea of the crossing and the road.
Museu da Geira.
Joel Moniz.
Primeiras impressões.
A primeira visita que realizámos ao local de intervenção foi numa manhã fria e nublada. Existia um ambiente sereno, em equilíbrio. As árvores de grande porte, os muros de pedra, o campo que descia suavemente até ao rio. Queríamos manter o silêncio que aquele lugar nos transmitiu.
Mais à frente um eremita americano ocupava grande parte da área de intervenção com um acampamento. Apesar de começar logo no início do processo por dificultar o levantamento, o facto de essa área estar de certa forma inacessível criava uma barreira que todos sentimos naturalmente, um limite para a intervenção.
De certa forma encontrávamos também na temática do concurso, relacionada com a via romana, a expressão do que pretendíamos para aquele lugar. Um gesto. Uma marcação no terreno que promovesse uma organização para novos desenvolvimentos. Uma via a percorrer a paisagem até ao rio. O museu integra-se subtilmente nesse conceito, sem prejudicar o equilíbrio do local, é uma porta para a via.
A implantação do museu surgiu assim de uma forma simples, um princípio tão básico como a marcação dos eixos Cardus e Decumanus, criando uma estruturação do terreno, incorporando e organizando elementos existentes.
Plataforma e contenção – pedra a solução de continuidade
O museu adossa-se a um muro e dá continuidade à plataforma existente que suporta o edifício do Museu Etnográfico de Vilarinho das Furnas/ PNPG e alguns espigueiros. Esta implantação resolve alguns problemas que existiam no local. Resolve o remate da entrada e define bem os seus limites, reorganizando os percursos
de acesso a ambos os museus, tornando-os claros. Mantém a permeabilidade visual que se desenvolve a Norte, para o vale, permitindo que o local tenha uma amplitude visual grande.
Vira-se para o rio, aproveitando a luz de Norte, mais indicada para a conservação de elementos arqueológicos e dando uma qualidade de luz mais uniforme, sem grandes contrastes. Esta implantação cria também um suporte para uma nova zona de desenvolvimento, que é estruturada por uma via que atravessa o edifício e se desenvolve até ao rio (como uma via romana). Essa via é de extrema importância porque une todo o complexo de uma forma simples, eficaz com uma forte expressão cénica e simbólica. Esse eixo estruturante permite organizar todo o complexo, criando simultaneamente os acessos ao museu existente, à zona de entrada com uma pequena zona de estacionamento para veículos ligeiros, ao museu proposto, atravessando-o, e às futuras áreas de desenvolvimento a Norte.
A pedra foi o material de base escolhido desde o início como solução de continuidade com os elementos existentes, utilizando-se no exterior, nas paredes, pavimento e cobertura, mimetizando os elementos existentes que definiam a plataforma.
A via. O edifício está dividido em duas zonas que podem funcionar de forma independente. A zona a Oeste da via tem o programa do cyber-café, ludoteca, auditório e zona de serviço. Na zona a Este da via estão situadas as áreas de exposição do museu, com as diversas salas de exposição e o espaço de atendimento. Estas salas são separadas por pátios que, para além de organizarem o espaço, permitem uma entrada de luz agradável nas zonas mais interiores do museu. O átrio de entrada fica na intersecção da via com o edifício.
O conjunto possui um sistema de encerramento que permite fechar as duas alas do museu e manter circulação na via, não inviabilizando o funcionamento dos restantes equipamentos quando este não estiver em funcionamento.
Esta possibilidade acentua o carácter complementar do museu e reforça a ideia do atravessamento e do percurso.